13
de Maio, dia de que ?

Mas
no dia 14 de maio de 1888, o que restou para os negros e negras
libertos foram as área periféricas das cidades, surgindo ai as
primeiras periferias das grandes Cidades, basta olha o perfil
étnico-racial dos moradores do Subúrbio Ferroviário, do Nordeste
de Amaralina, da Fazenda Grande do Retiro, Calafate, Barro Branco,
Marotinho, Liberdade e de tantas outras periferias de Salvador e das
Grandes Capitais do Brasil, que veremos para onde foram os libertos
pela Princesa.
E
restaram ainda hoje aos homens e mulheres negros, os maiores índices
de desemprego, ou no trabalho informal, e às mulheres negras os
maiores índices de cidadães sem seguridade social, elas que
contribuir uma vida inteira para construção da riqueza desse pais,
vendendo acarajé, beiju, mingau, geladinho, revistas, sendo
sacoleiras, faxinando em casa de pessoas não negras, e seu trabalho
não é validado pelos índices econômicos, e seu trabalho não
entra nas taxas do PIB, e ao envelhecem se vêm sem condição de
trabalhar, sem direito a saúde de qualidade, com todos os seu
direitos fundamentais violados.
Será
que neste 13 de maio de 2015, temos a comemorá? Ainda não temos o
que comemorá, apenas lamentar pelos vidas que a Princesa disse que
libertou, mas na verdade jogou ao vento e sua própria sorte, e a
eles restaram buscar morada nas encosta da Cidade, e tiveram sua vida
serifadas pela enxorada, aqui alguns deles: Luca, Sivaldo, Roberto,
Samuel, Zé, Joice, Jonathan e tantos outros. Se a Princesa tivesse
feito como o processo de imigração de Italianos, Espanhóis,
Portugueses e Japoneses, doando terras para o cultivo, eles não
teriam ido morar nas encostas. Teriam virados grandes latifundiários,
empresários, donos do capital deste pais.

A
violência e o machismo, têm prejudicado nossa vida, rebaixando a
nossa autoestima coletiva e nossa própria sobrevivência. A Bahia é
um dos estados com as mais altas taxas de feminicídios (9,08%) e de
casos de estupro, sendo 61% dessas vítimas, mulheres negras. Os
dados também demonstram que as negras e pardas aparecem com maior
frequência nas formas de violência psicológica. Vivemos indignadas
com as sucessivas mortes resultantes de ações violentas de
extermínio da juventude negra, pela precária situação da saúde
sexual e reprodutiva resultante do racismo institucional.
Como
podem perceber nos dados acima não houve um projeto efetivo de
integração que permitisse que os antigos escravos se sustentassem
de forma independente e digna. E é por isso lutamos a cada dia para
garantir nossos direitos, para sermos ouvidos, e vamos continuar
enfiando o pé na porta, para garantir nosso espaço de luta e poder.
Nós mulheres negras não tememos a luta.
Rose
Rozendo
Professora,
Contadora, MBA Gestão Pública
Diretora
do Instituto Uniart
Ativista
do Mov. de Mulheres Negras
e
Feministas
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